Aspectos genéticos do transtorno obsessivo-compulsivo
GONZALEZ, C. H. Aspectos genéticos do transtorno obsessivo-compulsivo. Rev Bras Psiquiatr, 23(Supl II), p.38-41, 2001.
“Desde o início do século XX, os autores que descreveram o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) fizeram referências à importância da hereditariedade na etiologia da doença. Pierre Janet, na sua descrição sobre a “psicastenia” em 1903,1 observou uma freqüência de 28% de psicastenia entre os genitores dos pacientes. Vários autores se dedicaram ao estudo dos aspectos genéticos do TOC e, em sua maioria, observaram que o transtorno se agrega em famílias.2” (p.38)
“Em diversos estudos de gêmeos, as taxas de concordância de TOC entre gêmeos MZ variam de 53% a 87%, enquanto para gêmeos DZ elas variam de 22% a 47%.3,4 Os dados obtidos em estudos de gêmeos reforçam a hipótese de que fatores genéticos estão envolvidos na etiologia do TOC. Como a concordância entre os gêmeos MZ é sempre inferior a 100%, outros fatores além dos genéticos devem estar envolvidos na determinação do aparecimento dos sintomas.” (p.38)
“Mais recentemente, os estudos de famílias têm utilizado critérios diagnósticos padronizados e metodologias mais adequadas. Neles, são comparadas as taxas de freqüência de uma doença entre os familiares de um indivíduo afetado pela doença (probando) com as taxas de freqüência dessa doença entre os familiares de indivíduos não afetados (controles).” (p.38)
“Os dados dos trabalhos realizados sugerem que há maior prevalência de TOC, sintomas obsessivo-compulsivos, transtorno de Tourette e transtorno de tique motor ou vocal crônico entre familiares de pacientes com TOC.” (p.38)
“Nos estudos de análise de segregação, famílias de pacientes com uma doença são estudadas para se entender como esta doença se transmite de uma geração para outra. O modo de transmissão da doença num determinado grupo de famílias é estudado e é comparado com modelos teóricos para se saber qual o modelo que melhor se ajusta aos dados obtidos.” (p.40)
“Nos estudos de associação, observa-se a freqüência de um gene ou de um determinado polimorfismo no grupo de afetados e compara-se com um grupo de controles não-afetados. Genes de receptores serotonérgicos e dopaminérgicos têm sido investigados, uma vez que esses neurotransmissores são os que apresentam uma provável implicação na fisiopatologia do TOC.” (p.40)
“A maior parte dos estudos de gêmeos e de famílias apóia a hipótese de que o TOC é familiar e que fatores genéticos são importantes na expressão do transtorno. Estudos de análise de segregação sugerem o possível envolvimento de um gene de efeito maior na susceptibilidade ao TOC.” (p.40)
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